terça-feira, 27 de outubro de 2015

TRÂNSITO, UMA TRAGÉDIA QUE ASSOLA MUITO O BRASIL



JORNAL DO COMÉRCIO 27/10/2015


Os acidentes rodoviários matam cerca de 1,25 milhão de pessoas por ano, de acordo com um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, muitos acidentes são evitáveis, e países pobres são desproporcionalmente afetados.

Sabe-se que os acidentes rodoviários matam mais homens do que mulheres e são a maior causa de morte de jovens de 15 a 29 anos em todo mundo. Além das vidas, é um ônus financeiro, custando à economia global cerca de 3% do PIB. Nos países pobres e de renda média, onde ocorrem 90% das mortes mas onde estão apenas metade dos veículos conduzidos no mundo , esse percentual sobe para até 5%.

O pior para o Brasil é que, em 2013, foram 41.059 pessoas mortas em acidentes de trânsito. Isso equivale a 112 pessoas mortas por dia durante um ano.

Dentre os países das Américas, o Brasil apresenta uma taxa de mortalidade de 23,4 por 100 mil habitantes. Ficamos, tristemente, apenas atrás da República Dominicana.

Para nós, latino-americanos, o automóvel é muito mais do que símbolo de status; representa a sensação de poder. Atrás de um volante, muitos homens se tornam autênticos donos do mundo. Por isso, correm demais, não obedecem sinalização e, menos ainda, faixas de segurança.

Também deve-se lembrar, por uma questão de justiça, que os pedestres não colaboram muito para que o trânsito em geral seja melhor. A campanha que alerta no trânsito, somos todos pedestres parece ter pouco efeito prático.

Com 800 mil veículos, basicamente automóveis ou caminhonetes, Porto Alegre, com 1,5 milhão de habitantes, tem um trânsito saturado. Até os anos de 1980, só pessoas abastadas tinham automóveis. Por isso, era o sonho de consumo da maioria das famílias, vindo até mesmo antes da famosa casa própria. Com a criação do Banco Nacional de Habitação (BNH), ficou mais acessível adquirir uma residência, fosse apartamento, ou mesmo uma casa tradicional.

Passadas três décadas após o fim do BNH, por causa da demagogia em não reajustar as prestações diante da inflação mais alta que havia, chegou a vez da popularização dos automóveis. Isenções fiscais, muito financiamento e automóveis populares, os folclóricos 1.0, tornaram felizes milhões de brasileiros.
Não que antes não fabricassem modelos baratos, como também, na época, o popular "Pé de boi". Porém, à entrada de milhões de veículos em circulação não correspondeu uma conscientização para mais cuidados em ruas, avenidas e estradas.

Por isso, é uma rotina, após os fins de semana, que sejam contabilizadas vítimas no Rio Grande do Sul e quase uma centena em todo o Brasil. Famílias inteiras são dizimadas na loucura da correria, do descuido, do descumprimento de regras, como a mais básica de todas, não ultrapassar em locais proibidos, geralmente antes de curvas, com a faixa dupla que separa as pistas.

Tudo indica que devemos colocar nos currículos escolares, desde o Ensino Fundamental, aulas para a conscientização de como dirigir e cuidados inerentes para motoristas e pedestres.

Como os jovens, tão logo completam 18 anos, praticamente exigem dos pais o exame para tirar a Carteira Nacional de Habilitação, são eles que, com a volúpia de velocidade e o natural destemor da idade, acabam morrendo mais do que nas outra sfaixas etárias.

Enfim, carro, hoje, tanto pode ser prazer como uma viagem sem volta, em que a morte espreita a cada curva do caminho. Então, educar sempre é a solução.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

VER E SER VISTO


JORNAL DO COMÉRCIO 22/10/2015



Rogério T. Brodbeck




Nosso Estado se caracteriza, em termos de clima e temperatura, por apresentar, por vezes, num só dia, as quatro estações do ano. Isso não sou eu quem diz, é a cultura popular e os "estrangeiros" que aqui aportam, notadamente os do Norte-Nordeste, que muito estranham não só o frio, mas as violentas variações climáticas.

Essas oscilações têm reflexos bem sérios no trânsito nosso de cada dia. E não só nas rodovias, mas também nas vias urbanas. Principalmente no inverno, mas também nas demais estações, nossas regiões, de um modo geral, apresentam, em determinadas horas do dia, o fenômeno da cerração, (ou neblina, ou nevoeiro) quando praticamente não se enxerga a pouco mais de alguns metros adiante.

Ainda bem que muitos dos modelos de nossos veículos vêm hoje equipados com os tais faróis antineblina que muitos espertos insistem em trocar a lâmpada âmbar pelas de xenon para iluminar mais adiante, o que não é a função desse equipamento. Todavia, a maioria da frota não conta com esse opcional, o que não deixa de ser um recurso a menos para aqueles que viajam muito nessas condições.

Então, nesses casos, há que se acender os faróis baixos (a luz alta não adianta nada, só espalha a cerração...) para que os demais condutores possam ver o veículo. Sim, porque no trânsito é mais importante o "ser visto" do que o "ver". Ou seja, quem dirige precisa enxergar o que trafega à sua frente e à sua retaguarda para que possa manter distância segura.

Por isso, não só em dias de cerração, mas em todos aqueles em que a visibilidade é baixa (chuva, nublado, céu encoberto, garoa etc.), trafeguem sempre com os faróis baixos acesos, uma medida que, aliás, está para se tornar obrigatória dia e noite por um projeto de lei recém aprovado na Câmara dos Deputados. Esse procedimento já é obrigatório no caso das motocicletas (muitos pilotos não a cumprem...) e em vários países como no vizinho Uruguai, por exemplo, e já foi, em determinada época, nas rodovias. Luz acesa para poder ser visto, portanto.


Jornalista, advogado e oficial reformado da Brigada Militar