sexta-feira, 24 de agosto de 2012

QUEM CALCULA OS CUSTOS DO AUTOMÓVEL NAS CIDADES


Quem calcula os custos do automóvel nas cidades?
24 de agosto de 2012 | 3h 07


Washington Novaes

Parece inacreditável, mas o alarme vem das montadoras de automóveis - as mais interessadas em vender seus produtos. Texto de Cleide Silva na edição de 13/8 deste jornal informa que o "excesso de automóveis (mais 80 milhões de veículos no mercado global este ano) já preocupa as montadoras no mundo" e por isso "o trânsito nas megacidades leva fabricantes a incentivar debate sobre saída para o caos". Nesta mesma hora, o tema mal chega às campanhas para as eleições municipais no Brasil. E em São Paulo, embora documentos da Prefeitura mencionem a possibilidade de instituir a cobrança do pedágio urbano e haja até projeto a esse respeito na Câmara Municipal (Estado, 1.º/8), não há intenção concreta de avançar nesse rumo neste final de gestão.

Professor universitário especialista na matéria, trazido por uma das montadoras, o alemão Michael Schrekenberg impressionou-se com o caos paulistano e chegou a sugerir inspeções rigorosas de veículos para evitar quebras e interrupções no trânsito, controle das emissões de poluentes, ampliação dos acostamentos, criação de faixas exclusivas para carros com mais de uma pessoa, "trens para ligar regiões da metrópole às periféricas".

As soluções, entretanto, terão de ser rápidas. São Paulo já tem frota de mais de 7,2 milhões de veículos, dos quais 3,8 milhões circulam diariamente. E não há regras para motocicletas. Este ano ficará na capital paulista grande parte dos mais de 3,6 milhões de veículos vendidos no País. O documento da Prefeitura que menciona o pedágio urbano em 233 quilômetros quadrados do centro expandido, com tarifa de R$ 1 (em Londres é de R$ 25), convive com outro da Secretaria de Transportes que prevê para isso investimento de R$ 15 milhões, assim como a construção de três garagens subterrâneas (na gestão municipal de Jânio Quadros, há décadas, foi prevista a construção de 12 garagens subterrâneas, mas só duas foram construídas).

Muito pouco para uma cidade onde a frota cresceu 3% (213,2 mil veículos) em um ano e para um Estado já com 23,5 milhões (1,31 veículo por habitante em São José do Rio Preto, 1,34 em Araçatuba, 1,39 em Ribeirão Preto, 1,41 em Jundiaí, segundo a CartaCapital em 31/7). Uma fila única dos veículos da capital teria mais de 20 mil quilômetros de extensão (Estado, 7/8), embora a rede viária local tenha apenas 17 mil quilômetros. A cidade perde R$ 55 bilhões anuais com congestionamentos, diz a Fundação Getúlio Vargas. No segundo semestre do ano passado, eles atingiram 226,2 quilômetros em um dia. Este ano baixaram para 184,8 (Estado, 9/8). Tecnologias como GPS, imagens de satélites e outras são cada vez mais comuns entre motoristas. Já os agentes municipais de trânsito só têm os próprios olhos para observar menos de 200 das 15 mil vias públicas (15/8). Apesar dos dramas, o Diário Oficial chegou a publicar texto desaconselhando o uso de bicicleta (12/7), alternativa que só cresce em tantos países.

Também fora daqui, a China - que já tem problemas graves com trânsito - implantou 20 mil milhas de vias expressas e 12 rodovias nacionais. Só em Xangai foram 1.500 milhas. Não por acaso, o país já é o maior produtor de carros. E sabe que até 2025 terá de pavimentar 5 bilhões de metros quadrados de rodovias (Foreign Policy, 17/8); até 2025, nada menos que 64% de sua população estará nas cidades (48% em 2010); 22 cidades terão mais de 1 milhão de habitantes. Sua frota de veículos poderá subir para 600 milhões em 2030.

Seria interessante que nossos planejadores/gestores lessem, por exemplo, documentos como A bicicleta e as cidades, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (2010), que aponta problemas cruciais. "Prevalece", diz esse texto, "a visão de que a cidade pode expandir-se continuamente e desconsideram-se os custos de implantação de infraestrutura necessária para dar suporte ao atual padrão de mobilidade, centrado no automóvel, cujos efeitos negativos são distribuídos por toda a sociedade, inclusive entre aqueles que não possuem carros". Entre os custos, a degradação da qualidade do ar (e seus reflexos nos custos da saúde pública, 5,9% dos orçamentos públicos), a contribuição para o aquecimento global, os desastres no trânsito. Hoje 70% do espaço público já é destinado ao transporte (há poucos anos a Associação Nacional de Transportes Terrestres mencionava 50%), embora apenas de 20% a 40% dos habitantes usem automóveis. As estatísticas do estudo dizem que 38,1% dos deslocamentos diários nas regiões metropolitanas brasileiras são feitos a pé; se forem considerados trajetos feitos em até 15 minutos, os deslocamentos sem automóveis sobem para 70%. Nas regiões metropolitanas como um todo, os deslocamentos em automóveis situam-se em 27,2%; em coletivos, 29,4%; a pé, 38,1%; em motos, 2,5%. E o transporte público no Brasil está em 50% do total, enquanto na Europa chega a mais de 80% (mas nos Estados Unidos a apenas 5%).

Outra consequência nefasta da ocupação do espaço público pelas estruturas viárias - avenidas, túneis, viadutos, etc., nas áreas centrais -, diz o documento, é forçar os habitantes a mudar-se para outras áreas habitáveis, o que, por sua vez, gera a necessidade de urbanização dessas novas áreas - com a pletora de custos que isso implica.

Das questões globais (aquecimento) às econômicas, sociais (injustiça com os setores sociais mais desfavorecidos e taxados pesadamente pelos custos), culturais, fiscais (isenção ou redução de impostos para veículos, sem nenhuma contrapartida), etc., tudo está envolvido nas questões do transporte, já que mais de 80% da população brasileira hoje é urbana. Não precisamos esperar que o drama se agrave, com a frota atual de veículos no País passando dos 37 milhões atuais para 70 milhões no fim desta década. Por mais complicada que seja, essa é uma tarefa para hoje.

Até as montadoras de veículos já sabem disso.


 * JORNALISTA

terça-feira, 21 de agosto de 2012

ULTRAPASSAGEM INDEVIDA DEIXA DOIS MORTOS

ZERO HORA 21 de agosto de 2012 | N° 17168

ACIDENTE. Colisão na BR-386 deixa dois mortos

Um acidente entre dois caminhões e um carro deixou duas pessoas mortas e o trânsito totalmente interrompido na manhã de ontem em Canoas, na Região Metropolitana.

As liberação total das pistas da rodovia Canoas-Nova Santa Rita (BR-386) só ocorreu seis horas depois da colisão frontal.

Conforme o policial rodoviário José Leote, do posto Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Montenegro, o Gol dirigido por Roni Lopes, 47 anos, deslocava-se no sentido Capital-Interior quando colidiu frontalmente com uma carreta Scania, que trafegava no sentido contrário. Após a batida, o veículo de carga ficou desgovernado e se chocou com um caminhão que circulava na mesma direção do Gol.

A colisão aconteceu no km 444 da BR-386 e todas as pistas da rodovia precisaram ser bloqueadas. Somente por volta das 16h30min o trânsito foi totalmente liberado, mas o congestionamento seguiu até o início da noite.

Além do condutor do automóvel, o motorista de um dos veículos de carga, Rafael Yaniak, 26 anos, também morreu na hora. O motorista da carreta ficou ferido e, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), ainda ontem recebeu alta do hospital.

MÉDICA MORRE AO PERDER O CONTROLE DO CARRO

ZERO HORA 21 de agosto de 2012 | N° 17168

TRÂNSITO FATAL. Médica morre em acidente na Região Central. Tatiana Remus perdeu controle do carro, capotou e caiu em barranco em Agudo na manhã de ontem


Após anos tentando ingressar em uma universidade pública, em 2005 Tatiana Remus obteve bolsa do Prouni e começou a cursar medicina na Universidade de Passo Fundo (UPF). Formada no final do ano passado, a médica de 30 anos atuava desde dezembro em Cerro Branco. O plano para 2013 era ser aprovada na residência médica. Mas o sonho de ser anestesista foi abreviado ontem.

Às 8h30min, Tatiana perdeu o controle da Courier que dirigia. A caminhonete capotou e caiu em um barranco, às margens da RSC-287, em Agudo, na Região Central. Muito ligada aos amigos, carinhosa e apegada aos pais, a médica costumava cumprir com frequência o trajeto de 93 km que separava a casa dela, em Cerro Branco, da residência dos pais, em Santa Maria.

– Ela chegava a vir três vezes por semana. Era muito grudada nos nossos pais e nos avós. Também tinha muitos amigos aqui, já que a gente sempre morou em Santa Maria – conta uma das irmãs, Tássia Remus.

Ontem, saiu cedo. Com a caminhonete da mãe – o carro dela estava no conserto – pegou a estrada antes das 8h, já que ainda pela manhã cumpriria a rotina de atender pacientes no Posto de Saúde de Cerro Branco. A notícia triste chegou rápido e pegou de surpresa os colegas e pacientes que vivem na cidade com pouco mais de 4 mil habitantes.

– Apesar de ter chegado há pouco a Cerro Branco e ser uma pessoa bem reservada, ela já tinha vários amigos. Era muito querida pelos colegas e também pelos pacientes. Com alguns ela tinha uma relação um pouco maior, por acompanhar em tratamentos – conta Carmem Amaral, enfermeira na Unidade básica de Saúde da cidade, onde Tatiana atendia de segunda a sexta.

A rotina era completada com plantões no único hospital do município, quase sempre aos fins de semana.

– O que fica da Tatiana é a recordação de uma pessoa feliz, que adorava ir a festas e estar na companhia dos amigos – conta Cátia Simões, amiga da médica e dos irmãos dela.

Segundo o Batalhão Rodoviário da Brigada Militar de Novo Cabrais, Tatiana estava sozinha no momento do acidente e morreu na hora.

ROBERTO WITTER

sábado, 18 de agosto de 2012

BURACOS E REMENDOS EM ESTRADA NOVA


ZERO HORA 18 de agosto de 2012 | N° 17165

BR-101 DUPLICADA. 88,5 quilômetros e 100 falhas

KAMILA ALMEIDA

Liberado para o tráfego há apenas um ano e meio, após investimento de R$ 1,2 bilhão, o trecho gaúcho da BR-101 já apresenta mais de cem pontos com buracos, cocurutos e remendos. A camada de asfalto, com 11 centímetros a menos do que o padrão de qualidade adotado em países como a Inglaterra, é uma das explicações para a precoce deterioração.

Édina Becker Cardoso tem 25 anos e mora às margens da BR-101, no município gaúcho de Três Cachoeiras. Acompanhou a obra de duplicação da rodovia com ansiedade. Depositou na estrada a esperança de contar com um trajeto mais rápido e seguro, entre a casa e o trabalho. Uma cratera transformou amor em ódio. No final de 2011, voltava de Torres quando encaixou o pneu do Gol que dirigia em uma fenda aberta no asfalto na altura do km 5. Rodopiou e bateu em uma carreta. Sem seguro do automóvel, com a frente do carro destruída, ingressou com uma ação contra o governo federal, ainda sem definição.

Liberada para o tráfego há pouco mais de um ano e meio, após um investimento de R$ 1,2 bilhão, a rodovia é recheada de histórias de desgosto como a de Édina. Por isso, Zero Hora percorreu, no início do mês e na quarta-feira, os 88,5 quilômetros da estrada em cada sentido. São pelo menos cem pontos com cocurutos, buracos ou remendos, principalmente nas faixas da direita, destinadas aos caminhões. Um dos piores fica no km 38 do sentido Torres-Osório, em uma curva, a 500 metros da entrada para Três Forquilhas. O asfalto levantado obriga motoristas a perigosos desvios.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) reconhece os problemas e diz trabalhar por uma solução com as empresas contratadas para a execução do projeto – Queiroz Galvão e Mac Engenharia. A primeira diz que as providências junto ao Dnit foram tomadas. A segunda afirma ter executado a obra conforme os projetos e as normas técnicas determinadas pelo Dnit e que ela foi fiscalizada e aprovada. Os eventuais problemas, informou em nota enviada a ZH, serão solucionados uma vez apuradas as causas.

– Em conjunto com as empresas contratadas, o Dnit realiza estudos do porquê desta situação para que sejam determinadas com exatidão as causas e medidas a serem adotadas – disse o superintendente regional do Dnit, Vladimir Roberto Casa.

Datado de 1998, o projeto de engenharia da estrada foi concebido levando em consideração o tráfego da época. Segundo o professor de Engenharia Civil Washington Peres Núñez, integrante do Laboratório de Pavimentação da UFRGS, que prestou assessoria ao projeto, as empresas teriam alertado o Dnit sobre a baixa qualidade do asfalto previsto em contrato e sobre possíveis problemas futuros:

– O asfalto utilizado na obra é o mesmo de cidades ou rodovias antigas. Para durar mais, deveria ter sido usado um ligante asfáltico com polímeros ou prever-se uma espessura maior das camadas asfálticas convencionais.

Nas rodovias principais da Inglaterra, por exemplo, essas espessuras são de, no mínimo, 28 centímetros. Segundo o professor, na BR-101 gaúcha, essa altura não passa de 17 centímetros.

O Dnit lembra que a liberação foi realizada por lotes ao longo de anos, o que explicaria o desgaste de segmentos. Núñez explica que desgastes são naturais com o passar do tempo e que os defeitos apresentados são normais, mas precoces. O contrato com as empresas termina quando o Dnit recebe um Termo de Verificação e Aceitação Definitiva, o que ainda não ocorreu, segundo o órgão. A contratada ainda é civilmente responsável por danos por mais cinco anos, caso comprovada a responsabilidade.

Em SC, fim da obra previsto para 2015

ROBERTA KREMER | FLORIANÓPOLIS 

Se os prazos para as licitações prometidas pelo governo federal forem cumpridos, a duplicação da BR-101 Sul, em Santa Catarina, ficará pronta no primeiro semestre de 2015. Contudo, o governo acena para uma antecipação das datas contratadas. Tudo indica que há uma meta política de finalizar em 2014, ano de eleições presidenciais.

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, esteve na sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Santa Catarina, e anunciou um pacote de R$ 10 bilhões em obras de infraestrutura de transportes para o Estado, incluindo a abertura de licitação para a construção do túnel duplo do Morro dos Cavalos, em Palhoça, para dezembro.

Como normalmente as concorrências públicas não duram menos do que seis meses, e o prazo de execução dos trabalhos é de dois anos e meio, um dos últimos três gargalos da BR-101 entre Porto Alegre e Florianópolis poderá ser finalizado em 2015. Enquanto a obra não fica pronta, para solucionar os congestionamentos frequentes no veraneio, Ideli garantiu que o governo federal construirá uma quarta faixa. O objetivo é finalizá-la antes de dezembro.

INOCENTES ABATIDOS

ZERO HORA 18 de agosto de 2012 | N° 17165

PAULO SANT’ANA


Fui procurado esta semana por um cidadão porto-alegrense que me contou o seguinte. Ele foi multado por estar embriagado no volante.

Só um detalhe: ele não estava embriagado e nunca bebeu sequer uma gota de bebida alcoólica.

Multaram-no em mais de R$ 900, sem o uso do bafômetro.

Até aí, já tem meia prepotência, mas tem mais.

*

O cidadão multado injustamente fez então o que se faz civilizadamente. Recorreu da multa e expôs todos os motivos e circunstâncias da injustiça que sofreu. Escreveu tudo no recurso.

E, logicamente, como aconteceu com a quase totalidade dos recursos que ingressam nas famigeradas Jaris, que julgam esses expedientes, o recurso da nossa vítima de prepotência foi indeferido.

A finalidade precípua, parece que única, dessa instância recursal é a de indeferir os recursos.

Tendo sido indeferido o recurso, como acontece com montanhas de recursos que têm indeferimento em volume industrial, o cidadão recorreu obviamente a este colunista.

*

Eu quero dizer que de vez em quando eu consigo salvar alguém que está se afogando.

Mas a minha corda de salvar afogados é curta, tem só 10 metros. Na maioria das vezes, a minha corda não alcança os afogados, cujos peraus em que se vitimam medem mais de 10 metros.

É quase certo que não vou conseguir salvar esse afogado que foi injustamente multado.

Mas também é quase certo que, depois desta coluna, muitos esbirros que multam no Rio Grande do Sul vacilarão antes de cometer injustiças como essa.

E também é quase certo que a sujeira das Jaris, que consiste em somente indeferir os recursos, sem examiná-los, vai diminuir sensivelmente depois desta coluna.

E um dia vão ter de acabar os governantes com esse escândalo de órgãos julgadores de recursos somente indeferirem, vão também ter de deferir os recursos justos.

Vão ter de acabar com essa nojeira.

*

É por isso que os motoristas reclamam, não para que não os multem quando estiverem errados ao dirigir. Os motoristas reclamam, isto sim, pela tropelia em indeferirem recursos de indiscutível procedência.

Ninguém quer que agentes do trânsito não multem infratores, ninguém quer que Jaris defiram todos os recursos, assim na forma escandalosa como os indeferem às centenas de milhares.

O que se quer é que parem alguns dos muitos agentes de multar inocentes e parem os membros de Jaris de recusar e indeferir recursos de motoristas inocentes.

Parem com isso, seus atrabiliários, seus autoritários, seus falsários da verdadeira justiça, envergonhem-se do que fazem todos os dias em nossas ruas e estradas.

Esta coluna não visa a atingir, de maneira nenhuma, os agentes da lei que procedem com lisura ao punir motoristas faltosos.

Visa a atingir somente os agentes que com perdulária injustiça cometem diária e constantemente intencionais prepotências ao multar motoristas que não cometeram nenhuma infração.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

TRÂNSITO FATAL


ZERO HORA 14 de agosto de 2012 | N° 17161

Já são 1.001

KAMILA ALMEIDA 
Depois de um início de ano auspicioso, com queda de 21% no número de mortes em janeiro, o Rio Grande do Sul retrocede na guerra do trânsito. Até junho, mais de mil pessoas morreram nas ruas e estradas gaúchas – exatamente o mesmo número do primeiro semestre do ano passado

O número de mortos no trânsito se mantém estável no Estado. Uma triste coincidência. São 1.001 mortes no primeiro semestre desde ano – exatamente igual ao mesmo período de 2011.

Nem fiscalização mais acirrada, o cerco à embriaguez ao volante e campanhas para o respeito ao limite de velocidade são suficientes para estancar essa chaga. No último final de semana, foram 26 mortes – mais do que na Páscoa, quando 15 perderam a vida, e do que no Carnaval, com 18 óbitos.

O coronel Carlos Magno Schwantz Oliveira assumiu o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) há menos de um mês, saiu de férias e retornou à frente do órgão na segunda-feira. Foi recepcionado com um relatório que o deixou alarmado. Segundo ele, as circunstâncias das colisões fogem às expectativas:

– Tivemos um fim de semana de verão, com condições boas para um trânsito seguro. Quase todos os acidentes foram durante o dia e não na madrugada, como é de se esperar. É chocante.

Quando tragédias como essa saem da curva da “normalidade”, autoridades em trânsito penam em busca de explicações. Alessandro Barcellos, diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Rio Grande do Sul e coordenador executivo do Comitê Estadual de Mobilização pelo Trânsito Seguro, se diz alarmado. Ele acredita que apenas investimento em tecnologia pode reverter o cenário. Barcellos cita a BR-116 – que teve 10 mortes no primeiro trimestre de 2011 e duas de janeiro a março deste ano – como exemplo.

Imperícia e alta velocidade

– O que mata nas estradas é imperícia e excesso de velocidade. Será possível prevenir quando tivermos montado estradas monitoradas, como na França e no Chile. Ao avistarmos um carro cometendo uma imprudência, poderemos pará-lo mais adiante e autuá-lo. Para colocar esse plano em prática, teremos de reorganizar os recursos, mas é urgente e fundamental – disse Barcellos.

De imediato, pretende colocar em ação em setembro grupos da Brigada Militar especializados em trânsito agrupados em 16 comandos espalhados pelo Estado.


Maio e junho foram sangrentos no Estado

No início do ano, o Estado conseguiu uma façanha há tempos ausente: reduzir em 21% o número de óbitos. No quadrimestre, foram 3% a menos de mortes e uma queda de 6% em acidentes. Mas os meses que se seguiram foram sangrentos. Maio e junho somaram 343 mortes em 2012, contra 321 do ano passado – uma elevação de 6,8% no índice.

Para o chefe de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Marcos Martins Barbosa, o último fim de semana é o reflexo da falta de cuidado geral que o Estado dá para a questão.

– Neste foram 26. Jogamos com a sorte. No próximo pode ser 30. Não temos efetivos, nem recursos tecnológicos suficientes para impedir. O policiamento do final de semana é o mesmo de dias de semana. O condutor fica com essa sensação de impunidade, quando passa por uma estrada e não vê um policial sequer.

Barbosa salienta que o Estado tem todo o estudo e a condição de estancar o problema, mas não investe. A falta de efetivo tem sido uma reclamação costumeira. Apesar disso, comemora os números nas estradas federais, onde houve uma redução de 9,6% nas mortes. Barbosa conta que foi apenas com recursos para o pagamento de horas extras que conseguiu esticar o esforço de trabalho de sua equipe, driblando a falta de policiais para não descuidar da fiscalização.

Mas está longe do ideal. Para o próximo final de semana, por exemplo, não tem nada planejado. Reconhece que os esforços são apenas para os feriados.

– Não há como intensificar as barreiras em todos os finais de semana. O efetivo já trabalha mais do que as 40 horas semanais. Estamos estudando reduzir as escalas durante a semana para dar mais atenção ao sábado e domingo, mas isso depende de mudança na legislação.




segunda-feira, 13 de agosto de 2012

DEZ MORREM EM ACIDENTE NO PARANÁ

CORREIO DO POVO, 13/08/2012


Colisão envolveu dois ônibus, dois carros e uma moto, deixando ainda 88 feridos
Crédito: walter fernandes / gazeta do povo / cp


Um acidente entre dois ônibus, dois carros e uma moto, no final da tarde de sábado, deixou dez pessoas mortas e 88 feridas, no Paraná. Entre as vítimas fatais estava uma criança de dez anos. O choque ocorreu no km 174 da rodovia PR 323, entre Paiçandu e Doutor Camargo. Dois ônibus bateram de frente e, depois, uma caminhonete, um carro e uma motocicleta colidiram no mesmo trecho. O carro bateu na lateral do ônibus. A moto e a caminhonete bateram ao tentar desviar do acidente.

Um dos ônibus havia sido fretado por um grupo de evangélicos de Tapejara para passar o sábado em um parque de Maringá. O outro ônibus pertencia a uma empresa de turismo e fazia a linha Umuarama - Maringá. Segundo o Corpo de Bombeiros, as vítimas feridas foram encaminhadas para hospitais de três cidades da região. Os corpos foram encaminhados ao IML de Maringá.

De acordo com informações da Polícia Rodoviária Estadual, as 98 pessoas foram encaminhadas a hospitais de três cidades da região. O Hospital Universitário de Maringá foi o que mais recebeu feridos: 32 no total. A rodovia PR 323 é muito utilizada também para quem vai para o estado do Mato Grosso e para o Paraguai.

TRÂNSITO FATAL

ZERO HORA 13 de agosto de 2012 | N° 17160

Fim de semana mais trágico do ano. Entre o meio-dia de sexta-feira e o começo da noite de ontem, pelo menos 25 pessoas perderam a vida nas rodovias gaúchas

MARIELISE FERREIRA E VANESSA KANNENBERG

O final de semana do Dia dos Pais será lembrado com dor por dezenas de gaúchos que perderam familiares em acidentes de trânsito. O saldo em estradas do Estado, de sexta-feira até o domingo, é de pelo menos 25 mortos. Os números o tornam o mais trágico do ano, ultrapassando, inclusive, todo o feriado de Carnaval, que somou 18 óbitos.

Foi em Ernestina, no norte do Estado, que ocorreu o mais grave dos acidentes, com cinco mortes. A alegria dos preparativos para a viagem de domingo, quando participariam de um congresso da igreja Testemunhas de Jeová, em Soledade, transformou-se em luto na residência dos Aguiar, em Passo Fundo. O Citroën Air Cross em que a empresária Cleusa Reni Aguiar, 50 anos, viajava com os dois filhos, uma prima e a nora colidiu com um Palio Weekend de Erechim, que levava três jovens amigos de volta para casa depois de uma festa em Ernestina. O resultado foi trágico para os dois lados: cinco pessoas mortas e três feridas.

O acidente ocorreu às 8h30min na rodovia Passo Fundo-Ernestina (ERS-153). Com o impacto, o Palio incendiou, e o fogo teve de ser contido por extintores acionados por outros motoristas. O Citroën foi jogado para fora da pista e caiu em um barranco.

Vinícius Oliveira de Aguiar, 21 anos, dirigia o Citroën onde viajavam a mãe, o irmão Victor Oliveira de Aguiar, 16 anos, a prima de Cleusa, Eloísa Cardoso Vargas, 69 anos, e a namorada de Vinícius, Delise Ferreira Cargnino, 20 anos.

Três mulheres morreram na hora

Cleusa, Eloísa e Delise morreram na hora. No Palio, William Paulo dos Santos Petri, 23 anos, e Lucas Jonas Voltan, 21 anos, morreram no local. Lucimar Paulo Kozak, 24 anos, ficou ferido e está em estado regular.

Petri morava em Erechim, onde trabalhava no almoxarifado da Indústria Intecnial. Voltan era serigrafista. Os feridos foram levados para o Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo. Os irmãos Aguiar foram medicados e liberados. Kozak continuava na emergência do hospital.

Até o fechamento desta edição, a PRE não havia identificado quem dirigia o Palio, já que quando a polícia chegou os corpos haviam sido retirados do veículo.


CORREIO DO POVO, 13/08/2012

Cinco mortos na ERS 153


Colisão entre Air Cross e Palio Weekend ocorreu por volta das 8h, entre Passo Fundo e Ernestina
Crédito: marcos thiago / especial / cp


Um acidente na manhã de ontem deixou um saldo de cinco mortos e três feridos no Norte do Estado. O acidente ocorreu por volta das 8h, na altura do km 16 da ERS 153, entre Passo Fundo e Ernestina, e envolveu um Citröen Air Cross, com placas de Passo Fundo, e um Fiat Palio Weekend, com placas de Erechim.

O Palio Weekend trafegava no sentido Ernestina - Passo Fundo, quando, segundo testemunhas, colidiu contra o Air Cross. Com a violência do impacto, houve princípio de incêndio nos dois veículos, mas as chamas foram contidas por condutores que trafegavam na rodovia. O Air Cross saiu da pista e caiu num barranco, e três dos cinco ocupantes morreram na hora. As vítimas foram identificadas pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) como Cleusa Reni de Oliveira Aguiar, 51 anos, Eloisa Cardoso Vargas, 69, e Delise Ferreira Cargnino, 20.

Do Palio Weekend morreram Willian Paulo dos Santos Petry, 23, e Lucas Jonas Voltan, 21. Do veículo de Passo Fundo, saíram feridos os filhos de Cleusa, Victor Oliveira Aguiar, 16, que foi encaminhado ao Hospital São Vicente de Paulo, e Vinícius Oliveira Aguiar, 21, levado ao Hospital da Cidade. Os dois receberam atendimento médico e foram liberados no fim do dia de ontem. Lucimar Paulo Kozak, 24 anos, que estava no Palio Weekend, também se feriu e está internado no Hospital São Vicente de Paulo.

As vítimas, que estavam no Air Cross, viajavam para Soledade, onde iriam participar de um congresso da Igreja Testemunhas da Jeová. Eles estavam em comboio com vários amigos que presenciaram o acidente e ajudaram a socorrer os sobreviventes. Com o choque, a rodovia ficou interrompida até o meio-dia de ontem, provocando um grande engarrafamento nos dois sentidos.



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ONDE A MOBILIDADE URBANA FUNCIONA

 

ZERO HORA 10/08/2012

FUNCIONA

Em Londres, o sistema de transporte público integra metrô, trem, táxi, bicicleta, ônibus e até bondinho. E tudo anda com a pontualidade e a edcucação britânica. 

- Incentivo e respeito ao uso da bicicleta
- Fiscalização do trânsito rigorosa - 2,4 mil multas nos jogos
- Pedágio nas ruas centrais
- Carinho aos pedestres
- Orientação não falta




quinta-feira, 2 de agosto de 2012

CRESCEM MULTAS POR EMBRIAGUEZ

ZERO HORA 01 de agosto de 2012

ÁLCOOL AO VOLANTE. Cerco das autoridades fez aumentar em 47% o número de infrações no Estado, e mortes diminuem na Capital e em Caxias

KAMILA ALMEIDA 

A cada dia, 60 motoristas são flagrados dirigindo sob efeito de álcool ou entorpecentes em ruas e estradas estaduais, municipais e federais do Rio Grande do Sul. A frequência dos flagrantes fez com que crescesse em 47% as multas no primeiro semestre de 2012, em relação ao mesmo período do ano passado, conforme o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Orecrudescimento da fiscalização, formatado principalmente nas operações Balada Segura e Viagem Segura, é apontado pelas autoridades como crucial para a elevação desse número, que inclui os motoristas que se negam a soprar o bafômetro.

– É inconcebível em pleno século 21 o pessoal insistindo e resistindo a essa questão de beber e dirigir na via pública. Os índices de acidentalidade estão ligados a esse fator. Só quando sente no bolso é que o motorista cria consciência – diz o diretor técnico do Detran gaúcho, Ildo Mário Szinvelski.

Segundo o diretor, essa punição mais intensa tem reflexo nos acidentes em todo o Estado, onde as mortes caíram 6% nos quatro primeiros meses do ano. Em Porto Alegre, em um ano de Balada Segura houve uma redução de 17% dos acidentes e 31% das mortes. Em Caxias do Sul, a intensificação das blitze se iniciou em novembro. Desde então, observou-se uma redução de 26% no número de mortes no primeiro semestre, na cidade serrana.

– Desde novembro, não tem nenhuma morte por alcoolemia no perímetro urbano. Nas estradas houve uma redução de 80% no número de feridos – diz o diretor de trânsito da Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Caxias do Sul, Jorge Catusso.

O chefe de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Marcos Martins Barbosa, diz que há dois períodos em que mais pessoas caem nas barreiras: nos finais de semana e no início do mês, com o pagamento de salários. Barbosa diz que não nota uma maior consciência por parte da população.

– Poucos sopram no bafômetro por que essa ideia se propagou, de que é um direito do indivíduo não fornecer provas contra si. Mas está errado. O que eles têm que fazer é entender que, ao beber e dirigir, o maior risco não é ser pego pela polícia, mas provocar um acidente grave – explica o policial.

Barbosa conta que são nas estradas federais da Região Metropolitana, como a BR-116 e a BR-290, as maiores incidências de autuações, pois são rotas usadas por jovens à noite para aproveitarem as festas da região.

Na Capital, o chefe de Operações Especiais da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Marcelo Cunha da Silva, conta que as barreiras estão cada vez mais pulverizadas na cidade. A zona típica da boemia, como a Cidade Baixa e o Moinhos de Vento, deixaram de ser foco exclusivo.

– As pessoas estão se divertindo para outros lados da cidade.