terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ASSASSINOS DO TRÂNSITO


BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Terça-feira, 03 de Janeiro de 2012.


Na teoria da lei, vivemos um momento de punição aos motoristas que dirigirem bêbados.

O número reduzido de mortos no trânsito durante as festas de final de ano, fato a ser comemorado, perde a importância quando refletimos sobre o acidente envolvendo três carros, que resultou na morte de dois inocentes, o taxista Ivo Ferrazzo, 63 anos, e a bailarina Alaíde da Silva Linck, 28 anos. Ivo morreu durante o atendimento no hospital. Alaíde implorou por socorro durante vários minutos enquanto os socorristas tentavam retirá-la em meio às ferragens distorcidas. Provavelmente uma morte em condições hediondas, sem qualquer chance de defesa. E, por longos e intermináveis minutos, deve ter mantido a esperança de atendimento. Morreu ao perceber que estava exaurida, condenada a morte.

Uma morte cruel, dolorosa, aterrorizante, vítima da irresponsabilidade, inconsequência de duas pessoas que mantêm acesa a cruel realidade, segundo a qual, no Brasil, assassinatos cometidos no trânsito não resultam em prisão e cumprimento de pena em regime fechado. Não dá nada! A jovem modelo que estava dirigindo o carro responsável pela tragédia dirigia sem habilitação e apresentava sinais de embriaguez, conforme prova testemunhal dos policiais militares e dos socorristas da Samu, que atenderam a ocorrência.

A modelo, segundo consta, mora em Portugal e estava no Estado para curtir as festas. O proprietário do veiculo é suplente de vereador em Tramandaí, filho de família tradicional da cidade. A modelo foi presa em flagrante por duplo homicídio e uma tentativa de homicídio com dolo eventual, no qual a pessoa assume o risco de matar. Segundo o delegado de plantão de Capão da Canoa, Cesar Renan Rodrigues dos Santos, o suplente de vereador responderá pela coautoria dos dois crimes por ter entregado a direção a uma pessoa não habilitada.

Ele alegou que também teria consumido bebidas alcoólicas e por isso mesmo entregou a direção à amiga. Os dois, portanto, estavam sob efeito de álcool. O Ministério Público, diante de todas as evidências, pediu a prisão dos autores. A Justiça acolheu o parecer da promotora, homologou a prisão temporária dos dois suspeitos e depois concedeu a liberdade provisória. Para o juiz, tanto o empresário quanto a modelo possuem residência fixa, não têm antecedentes criminais e não devem ficar presos sem condenação. No entanto, eles terão de cumprir medidas cautelares, como não deixar o País.

Dois cadáveres. Duas famílias destroçadas. É possível imaginar o pavor da bailarina presa entre as ferragens agonizando em meio a dores lancinantes, impotente diante do fato de que não seria possível continuar a viver, pois as ferragens a mantinham cativa em uma armadilha mortal e inexorável. E, na teoria da lei, vivemos um momento de punição aos motoristas que dirigirem bêbados. Em meio as nossas ilusões, imaginamos que dirigir bêbado e sem habilitação corresponde a um crime com agravante em uma eventual e merecida pena de prisão por assassinato.

Uns usam um revólver ou faca, outros usam as próprias mãos para matar e são considerados assassinos, pura e simplesmente assim: assassinos. Porém, quem usa um carro tem uma interpretação generosa de que produziu apenas um acidente. Acidente? E as duas vítimas? Farão parte das estatísticas da impunidade que campeia a República brasileira. As polícias continuarão a fazer o teatro de aparentemente surpreenderem criminosos através de blitz com todo o aparato de Estado e com o uso de equipamentos - bafômetros ou etilômetros - em uma patética demonstração de que somos um País sério.

Todos têm licença para matar, não apenas uma pessoa, mas até uma família inteira, que não dá nada! Desde que não tenha nas mãos uma revólver ou um tacape. Deve utilizar um veículo de quatro rodas, com ou sem habilitação, bêbado ou não! É deprimente para um começo de ano! Será que algum dia essa impunidade vai acabar?

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Só "na teoria da lei" os motoristas embriagados são punidos, pois a impunidade é protegida por uma constituição esdrúxula, legisladores ausentes e por uma justiça benevolente.

Um comentário:

BEBADOS ASSASSINOS disse...

É SEMPRE ASSIM,AGORA VIROU MODA NO BRASIL,EU DISSE...NO ATRASADO BRASIL,PAIS SEM DEPUTADOS,SEM LEIS E SEM AUTORIDADES. PÔ MEU,AS PESSOAS CORREM DEMAIS,BEBEM DEMAIS,DEPOIS COM SUAS MÁQUINAS ASSASSINAS MATAM INOCENTES COM SUAS IMPRUDENCIAS NO TRANSITO E AINDA PAGAM FIANÇA PRÁ RESPONDEREM EM LIBERDADE? SERÁ QUE TEM QUE MATAR A MÃE OU FILHO DE ALGUM POLITICO FAMOSO NO TRANSITO PRÁ MUDAR AS LEIS??? VOU FAZER UM ANÚNCIO DE EMPREGO: PRECISA-SE DE DEPUTADOS E SENADORES,PAGA-SE BEM,MAS TEM QUE MOSTRAR VONTADE DE TRABALHAR PELO PAIS. TRATAR NO CONGRESSO DE BRASILIA!!!!!!!!!!!!!